De acordo com a classificação adotada pelo IBGE (1992), as formações florestais presentes no contexto regional de inserção do Parque Natural Municipal Paleontológico de São José enquadram-se originalmente na Região Fitoecológica da Floresta Ombrófila Densa, englobando as formações: de Terras Baixas (5 a 50 m de altitude) e Submontana (50 a 500 m).

As florestas de Terras Baixas eram a vegetação típica da região da baixada da Guanabara antes do processo de ocupação da mesma, que acarretou a degradação dessa formação em todos os seus municípios, principalmente relacionada ao plantio de cana de açúcar. Em Itaboraí e municípios limítrofes, a formação encontra-se extremamente reduzida atualmente, caracterizada por fragmentos relativamente pequenos distribuídos de forma dispersa ao longo do território do estado. As Florestas de Terras Baixas ocupam geralmente regiões de planície costeira, associadas a uma diversidade de formas de relevo. Apresenta composição florística bastante variada, com a presença constante de indivíduos de Inga sp. (ingás), Tabebuia cassinoides (pau de tamanco), Bactris setosa (coco de tucum), Symphonia globulifera (guanandi) e Callophyllum brasiliense (uanani) ocupando as porções mais úmidas do terreno. Nas porções mais drenadas, observa-se o registro de espécies como Alchornea triplinervia (tanheiro), Croton sp. (sangue de drago), Ficus organensis (figueira do brejo), Ficus insipida e Tabebuia sp. (ipê do brejo). Em um segundo estrato de vegetação registra-se espécies como Virola sp. (bicuiba), Xilopia sp. (pindaíba), Cordia sp. (freijó), Piptadenia gonoacantha (pau jacaré), Trema micrantha (crindiúva) e Parapiptadenia sp. (angico branco). A umidade observada de uma forma geral nesses ambientes favorece a alta incidência de indivíduos epífitas das famílias Piperaceae, Araceae, Bromeliaceae, Orchidaceae e Cactaceae.

Já as Florestas Submontanas apresentam composição florística rica e variada, caracterizadas pela presença de estrutura arbórea com o registro de diversas espécies de epífitas e lianas. De uma forma geral, observa-se a formação de dossel contínuo sombreando o interior da mata formado por indivíduos como Alchornea iricurana (tapiá), Cecropiaceae (embaúbas), Tibouchina granulosa (quaresmeira), Ficus spp. (figueiras), Guarea guidonia (carrapeta), Luehea grandiflora (açoita-cavalo), Xylopia brasiliensis (pindaíba), entre dezenas de outras espécies. É comum a presença de certo grau de interferência antrópica e o registro das seguintes espécies: Vochysia tucanorum (pau de tucano), Talauma organensis (baguaçu), Parkia sp. (faveira), Miconia theaezans (jacatirão), Plathymenia foliolosa, Alchornea triplinervia, Nectandra sp. e Ocotea sp. (canelas) e Croton sp. (sangue de dragão). Nessas formações observa-se também o registro da espécie Euterpe edulis (palmito), espécie cada vez mais rara devido à contínua depleção por cortadores clandestinos, da guaricanga (Geonoma sp.) e do xaxim, ameaçado de extinção.

Em Itaboraí, os levantamentos realizados para a o diagnóstico da vegetação presente na Área Diretamente Afetada (ADA) pelo COMPERJ, realizado por Concremat (2007), servem como subsídio para a caracterização da vegetação florestal presente no município. Como na maior parte da região, os remanescentes avaliados caracterizam-se por formações secundárias, registrados sobre encostas de morrotes e áreas de baixada. De uma forma geral, os mesmos apresentam-se circundados por áreas de pastagem e caracterizam-se por feições em estágio inicial a médio de regeneração, com presença de três estratos distintos, registro abundante de trepadeiras lenhosas e arbustivas, e observação rara de epífitas vasculares.

Dentre as espécies inventariadas, destacam-se as seguintes espécies arbóreas: Platypodium elegans (amendoim), Acrocomia aculeata, Gochnatia polymorpha (cambará), Cupania oblongifolia (camboatá), Tabebuia chrysotricha (ipê amarelo), Lecythis pisonis (sapucaia), Senna macranthera (canafístula), Solanum pseudoquina, Myrsine coriacea (capororoca), Astronium graveolens (Gonçalo alves), Balizia pedicellaris (cambuí preto), Cariniana estrellensis (jequitibá), Ocotea insignis (canela batalha), Sloanea monosperma (laranjeira do mato), Cupania furfuracea (camboatá), Dictyoloma vandellianum (tingui), Nectandra oppositifolia (canela), Cupania emarginata, Machaerium brasiliense (pau de sangue), Matayba guianensis (camboatá), Guapira opposita (maria mole), Lacistema pubescens, Eugenia cf. florida (guamirim), Myrcia splendens (guamirim miúdo), Aparisthmium cordatum (velame), Amaioua intermedia (canela de viado), Dalbergia brasiliensis, Tibouchina granulosa (quaresmeira), Protium heptaphyllum (breu), Tachigali paratyensis (taxi), Tachigali rugosa, Caseria decandra, Cinnamomum cf. riedelianum (canela), Ocotea cf. brachybotrya (canela), Pseudopiptadenia warmingii, Miconia cinnamomifolia (jacatirão), Cybistax antisyphilitica (cinco chagas), Eugenia tinguyensis, Helycostylis tomentosa, Couepia venosa, Andira fraxinifolia (angelim do mato), Cordia trichoclada, Tabebuia umbellata (ipê amarelo), Aniba firmula (canela), Aureliana fasciculata, Myrcia multiflora (guamirim), Tapirira guianensis (tapirirá), Guarea macrophylla (carrapateira), Jacaranda puberula (caroba), Licania kunthiaba (milho torrado), Inga edulis (ingá), Hirtella angustifolia, Guapira cf. hirsuta, Tovomitopsis paniculata (azedinho), Alchornea triplionervia (iricurana) e Vitex polygama (tarumã).

Atualmente, é perceptível que as formações são, em grande parte, formadas por florestas secundárias, ou seja, oriundas dos processos de regeneração natural, ou até plantios de recuperação. A caracterização das formações apresentadas e suas características originais servem apenas para caracterizar os elementos típicos de cada formação. O Parque ainda não foi estudado tecnicamente a partir da obtenção de dados primários, o que não permite inferir sobre o grau de conservação das formações florestais encontradas.

Dentro dos limites do Parque, além de áreas de formação florestal que se concentram no entorno da lagoa São José, são encontradas áreas degradadas, com espécies arbóreas como Leucaena leucocephala (leucena) e Cecropia lyratiloba (embaúba), gramíneas invasoras como a Panicum maximum (capim colonião), entre outras espécies.

Vista da vegetação que recobre o entrono da Lagoa São José, Itaboraí, RJ. Foto: Larissa Lopes/março 2018.

2 comentários em “Flora

  1. marco Louzada Responder

    Olá. Achei muito interessante o Parque! Hoje existe uma floresta ao redor do lago. Esta area foi reflorestada através de algum projeto?

    • Parque NMPSJI Responder

      Para maiores informações sobre reflorestamento do Parque, solicitamos que entre em contato através do e-mail ou Fale Conosco em nossa seção “Contato”. Agradecemos a atenção!

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